TEMPO PARA SI?

É uma pergunta que sempre fazemos. Mas a resposta nunca é satisfatória.

A pessoa está cheia de bloqueios, limitações, medos, dores no corpo e na alma, e sem forças para realizar suas tarefas.

Busca a terapia para encontrar alívio.

Num primeiro momento o que tem a dizer é um rosário de reclamações.

Depois que aliviou a mente, é a vez do coração falar.

A fala do coração é curta, o rosário tem menos contas, mas são pesadas, carregam o peso das mágoas, das insatisfações, das falhas e faltas alheias, dos reveses, das dívidas de toda ordem, das revoltas contidas, das comparações e julgamentos infelizes.

Então a pessoa estará vazia por alguns segundos, não sobrou nada dentro de si, tudo está sobre a mesa.

Deixamos que reflita mais alguns minutos e pedimos para tomar um pouco de água.

Abrimos uma lista de perguntas e recebemos respostas prontas, dadas para qualquer pessoa, são neutras, protocolares.

Até que perguntamos: -Quanto tempo dedica a si mesma, em uma semana?

A pessoa fica surpresa, como quanto tempo dedica a si, e não consegue determinar que seja meia hora, uma hora, duas horas, ou hora nenhuma.

Coloca todos os afazeres numa escala de importância, mas não encontra o momento reservado a si.

Geralmente começa pelo trabalho, em casa ou numa corporação, dando respostas ao empregador ou na lida doméstica.

Em seguida é a família que lhe requisita, desde as respostas ligeiras de dizer onde está guardado um objeto que alguém precise usar, até passar a noite em claro esperando a chegada de um afeto, sem contar as correrias para médicos e ou ações correlatas pela urgência.

Os amigos também têm o lugar seguro na agenda, um jantar mensal com as amigas, ou um encontro no cabeleireiro, até os chás, de panela, de bebês.

Algumas pessoas têm agenda de voluntariado do qual se orgulham muito.

Ao final estão felizes e dizem ser uma pessoa muito ocupada.

Sim sem dúvida é uma essa pessoa ocupadíssima com as pessoas, com o ambiente, tanto que não lhe sobra tempo para si.

Por Fátima Leite.